domingo, 28 de fevereiro de 2010

Fragmento

"O problema é que...
Andei pensando na minha vida, na gente, em tudo, e acabei percebendo que você é hoje o centro da minha vida, como se você fosse meu tudo, como se representasse tudo. Até aí tudo bem, porque, afinal, muita gente nasce mesmo para amar um outro alguém, para fazer desse outro alguém a pessoa mais importante do mundo. O problema não é esse.
O problema é que...
E se você morrer? Se você me largar? Se você for embora? Se uma dessas coisas possíveis - e prováveis - acontecer, o que vai ser de mim? E é por isso que você não pode ser meu tudo, não quando eu não sou tudo para você. Porque se qualquer uma dessas coisas acontecer, talvez não hoje, mas amanhã ou depois, se algo assim acontecer, eu vou ficar sem nada. Ou melhor, vou achar que fiquei sem nada, porque não consigo enxergar todas as outras coisas que tenho além de você.
Não consigo enxergar nada mais, agora que você é meu tudo.
Por isso, meu amor, é que a partir de hoje isso vai mudar.
Você não é mais meu tudo...
Mesmo sendo - vou ser bem sincera - agora meu quase tudo".

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

"Mas você não está aqui"

Inventei uma "brincadeira" com a Carol, por MSN. Escrevi a frase "Mas você não está aqui" e propus que cade uma de nós escrevesse um texto baseada nela. Tivemos 15 minutos pra fazer isso. E foi nisso que deu o meu texto:
"Mas você não está aqui". Foi nisso que pensei , enquanto dirigia meu carro ontem à noite. Não corria, não tinha pressa. Dirigia como quem dirige numa manhã de verão, como quem dirige um daqueles carros conversíveis de antigamente. Eu teria usado um lenço estampado nos cabelos, mesmo que não houvesse muito vento. Meu carro seria de um azul cor do céu, e no rádio tocaria uma música qualquer, uma música qualquer que eu adorasse. E, mesmo assim, nesse instante mágico e colorido, mesmo assim eu continuaria pensando: “mas você não está aqui”.
É absurdo, eu sei, sentir sua falta a todo instante, a qualquer momento, sentir sua falta mesmo tendo sonhos com um carro da cor do céu, sentir sua falta mesmo usando - em sonho – um lenço colorido para segurar os cabelos longos e ruivos que eu nem tenho. Absurdo sentir sua falta mesmo quando imagino uma outra vida, numa outra época, num outro mundo. Absurdo sentir sua falta mesmo fantasiando um mundo no qual você não existe.
Mas isso deve ser o que todos chamam de amor, não é mesmo?
Ontem à noite pensei em você, e pensei que você não estava comigo, me vendo dirigir meu carro, me pedindo pra dirigir mais rápido, mudando a estação do rádio, sem se importar se eu gostava ou não da música que já estava tocando. Você não estava ali ao meu lado, nem para termos uma briga qualquer, para me fazer chorar, para me deixar com raiva, para me obrigar a dizer que não te amava mais, mesmo que eu soubesse – e você também soubesse – que isso era mentira.
Você não estava ali. E então nem meu carro – que não era conversível , nem azul –, meu cabelos – que jamais serão ruivos – e a música boa que tocava, nada disso teve qualquer sentido. Porque você não estava ali, e de repente eu quis viver no mundo no qual você não existia, só para que sua falta não doesse tanto em mim. Só para que sua falta não me matasse um pouquinho em cada noite que dirijo meu carro, em cada vez que ouço uma música, em cada passo, lembrança, choro ou euforia.
Você não estava ali ontem.
Você não está aqui hoje.
Você vai estar aqui amanhã?