sábado, 19 de junho de 2010

Adeus, Orkut.

Se tem alguma coisa que aprendi nesses 9 meses fazendo análise (ou tentando fazer) é que o mundo não vai mudar, pelo menos não mudar o que eu quero que mude. As coisas idem. As pessoas então...
Aprendi que eu, sim, posso mudar. Mas, antes, preciso saber quem eu sou agora. Quem eu já sou e por que sou, para, depois, quem sabe, conseguir ser algo diferente disso.
Mudar o que quero mudar. Mudar o que preciso mudar. Mudar pra melhor, ou pra pior, nunca se sabe...
Mudar.
Venho pensando muito nesse verbo desde a última vez que, de fato, posso afimar que mudei. Mas mudei de cidade, casa, estado...
Eu encarei esse tipo de mudança (de espaço físico, de lugar, ambiente) desde que me entendo por gente. Talvez por isso antes eu só pensasse nesse jeito de mudar.
Eu odiava mudar. Eu amava mudar. E daí eu era obrigada a mudar de novo, e então recomeçava esse cliclo de ódio/amor/ódio/amor...
Pra mim, mudar se resumia a isso. Deixar uma cidade e ir pra outra. Deixar meus amigos e fazer outros novos. Mudar de escola. Mudar de vida. Levou um tempão pra eu, enfim, deixar de pensar nisso e passar a pensar no outro tipo de mudança, o tipo bem mais importante e fundamental.
Primeiro, parei de mudar de cidade, depois, parei de mudar de casa. Agora tenho o meu quarto, com uma parede pintada de rosa pink, do jeito que nunca tive. Agora eu tenho móveis pregados na parede, que jamais precisarão ser arrancados e colocados num outro quarto de uma outra casa. É tudo meu, "pra sempre".
Parece ridículo dar tanto valor a uma coisa tão banal quanto uma parede colorida (rosa!) ou móveis que não podem ser tirados do lugar, mas, pra quem nunca teve nada parecido, é algo realmente importante.
Já rodei muito chão até chegar aqui com minha parede rosa. São 22 anos de muita história e, principalmente, de muitas mudanças.
Durante esses 9 meses que venho fazendo análise (ou, repito, tentando fazer...) eu já aprendi outras coisas, sim, mas isso de mudar, pra mim, é o mais importante. Foi pra isso que eu marquei minha primeira consulta com a tal psicóloga Regina, e foi por isso que eu estou aqui hoje.
Para mudar.
Dizem que a gente deve começar, que não devemos ir com pressa, porque o mais importante é o processo em si, a caminhada rumo à mudança. Bem, é o que dizem... Será que quem fala disso realmente já mudou?
Não sei se isso realmente importa, isso de ir devagar ou não, acho que o importante é ir. Dar o primeiro passo, e depois o segundo, e daí não interessa se você vai andando feito uma lesma ou se você corre feito um leão com fome. O que importa é que você está indo...
É o que eu venho fazendo, indo. Não sei ainda para onde, mas para algo diferente do que me deparo agora, e nada disso tem a ver com mudar de cidade ou de casa, de abandonar a parede rosa ou resolver pintá-la de cor-de-burro-quando-foge.
Eu quero é mudar de mim mesma, para, então, realmente me encontrar.
Tá... e daí quem tá lendo isso vai se perguntar: e o que essa história toda tem a ver com o título do post? Pois é, vejam bem...
Eu me considero uma viciada em internet. Eu tenho MSN, Skype, Facebook, Twitter, ICQ (mesmo não usando, eu ainda tenho!!!!) e, claro, eu tenho Orkut. Mas não posso dizer que isso me fez mal durante todos esses anos.
Eu fiz amigos por meio da internet. Eu conheci pessoas que jamais conheceria se o mundo virtual não existisse. São pessoas importantes e especiais, e eu sou grata por isso.
A internet não é o bicho-papão que fará mal a nossas criancinhas e que destruirá lares perfeitos, vidas maravilhosas etc. Quem faz isso são as pessoas que a usam, e não o contrário!
Não deixo de viver minha vida só para poder estar on-line. Pelo contrário, eu vivo mais a minha vida justamente por ter minha wireless funcionando, sempre à minha espera. Mas até isso vai mudar.
Não sei ainda os reais motivos, ou até saiba, mas não sei explicá-los, então melhor resumir dizendo que chegou a hora. Vou ter que abrir mão de algumas coisas para poder abrir espaço para outras coisas novas e, com sorte, coisas melhores.
Portanto, adeus, Orkut.
Ele existe desde fevereiro de 2006. Foram 15.839 visitas
Minha sorte de hoje é: Envelhecer não é tão ruim quando se pensa nas alternativas (Sorte? Isso parece mais um epitáfio ou o lema do depressivo--com-medo-da-morte!)
Tenho 441 fotos, divididas em 12 álbums. Adoro cada uma delas.
59 fãs (Fãs? Eu sou uma popstar e não sabia?)
1225 mensagens (que, até hoje, não entendi porque existem, afinal, ninguém lê aquilo!)
169 amigos (sendo que a maior parte deles nem amigos são!)
290 comunidades (escolhi cada uma delas a dedo, acreditem ou não!)
101 vídeos favoritos, que me farão muita falta.
Ah! Tenho 0 recados, porque faz tempo que aderi à modinha de apagar depois de lê-los.

E é isso. Tudo vai deixar de existir daqui alguns minutos.
Tentei rever cada uma das minhas fotos, mas percebi que são só fotos, que provavelmente todas elas já estou no meu notebook ou em outro pc e, caso não estejam, são realmente só fotos, não são os momentos que poderão ser vividos toda vez que eu olhar pra elas. São só lembranças, e lembranças são guardadas de um jeito melhor dentro da nossa cabeça ou do nosso coração.
Tentei assistir de novo a todos meus vídeos favoritos, mas só uma doida como eu teria 101 vídeos FAVORITOS! Sim, eu amo música, talvez isso explique tal exagero. Mas pelo menos consegui rever (e ouvir) alguns, e daí me toquei que eles continuarão existindo no youtube, e lá eu vou poder revê-los até enjoar.
Pensei em deixar meus últimos scraps, scraps "de adeus", mas isso seria brega demais.
Vi todos os 169 amigos que tenho, percebi que amigos MESMO são poucos, e que estes já estão no meu MSN ou Facebook ou... e daí relaxei, até porque eu não vou perder meus amigos só porque decidi assassinar meu Orkut, né? Né????
Acho que uma das coisas que vai piorar com esse assassinato é o fato de que agora não vou conseguir lembrar mais dos aniversários. Eu sou péssima em decorar datas e sei que muita gente vai jogar na minha cara que eu esqueci o aniversário delas e blá blá blá, mas já tenho a frase perfeita pra dizer quando isso acontecer: "Aposto que você também esqueceria meu aniversário se o Orkut não te lembrasse disso, né?"
Revi os nomes de algumas das comunidades e percebi o quanto alguns são realmente criativos. E o quanto elas conseguem me descrever como pessoa. Tenho as de signo, passando por de poesia, séries, filmes, comida, amor, amizade, manias, gostos, desgostos, frases bonitas, música, arte, jornalismo, família, auto-ajuda, literatura etc. Eu sou tão complexa e interessante assim???
Por fim, ao fazer tudo isso, percebi que essa era minha despedida. É assim que quero dizer tchau, apenas revendo e lembrando e aceitando.
A vida muda, quando a gente quer. Dá trabalho, mas talvez depois compense.
Eu quero mudar, eu preciso mudar. Eu estou mudando. Seria simples, se não fosse tão complicado.
Meu orkut era como um filho pra mim. Que exagero, não? Ok, ok... Então ele era como o meu bichinho virtual (daqueles que um dia foram moda, que a gente tinha que alimentar mil vezes por dia, e dar remédio e todas aquelas coisas inúteis senão eles morriam, lembram????), e foi assim que eu cuidei do meu bichinho chamado Orkut. Cuidei bem, mas, no fim, quem vai acabar matando o coitado é a própria dona dele.
Acho que já vai tarde. Pow, mais de 4 anos me dedicando a isso? A ISSO?
Tá, não vou cuspir no prato que tanto comi. Foi bom, foi útil, até que deixou de ser. Ponto final.
Eu sei que vai fazer falta. Sei que vou esquecer várias vezes de que ele não existe mais, e daí vou sem querer entrar no www.orkut.com e daí vou lembrar desse assassinato e... e vou seguir em frente.
Há vida pós-orkut, assim como há vida pós todas as coisas que não sejam a nossa própria existência.
Com sorte, será uma pós-vida com menos estresse, menos curiosidade em relação à vida dos outros. Uma vida menos paranóica, menos obcecada, e com uma palavrinha chamada paz.
É o que acho disso: que estou me libertando. E, se depois tudo der errado, eu sempre vou poder criar um novo Orkut, né?
Vamos lá... Um último F5 só pra não perder o costume...
The end.