segunda-feira, 30 de março de 2009

Aquelas velhas amizades...




Eu realmente acho que algumas amizades duram pra sempre.

Antigamente, essa minha mente ingênua acreditava que isso se aplicava a todo mundo, a todos os amigos. Mas hoje, depois de muita pancada na cabeça, acabei aprendendo que não é bem assim.

Mas tudo bem não ser assim. Talvez essa coisa de amizade não seja mesmo pra durar a vida inteira, e sim tempo suficiente.

Eu, por exemplo, tenho amigos os quais não vejo há bastante tempo. Tempo demais. Mas isso não é algo que me cause desconforto, muito menos tristeza. Foi-se a época em que tê-los longe me fazia mal. Acho que aprendi que, não importa onde estamos, mas sim o que sentimos e desejamos para as pessoas. E sei que isso é um clichê do tipo Vivendo na Terra do Nunca, mas para mim faz algum sentido.

Ontem eu conversei com uma amiga do tempo de escola. Sétima série, mais precisamente. Olhando para trás e fazendo as contas, já faz mais de 8 anos que nos tornamos amigas. Principalmente quando somos crianças, as amizades têm algo de especial. Quase tudo que se faz, se faz com os amigos. A sala de aula se torna mais um palco para intensificar as amizades do que, de fato, para aprender matemática.

É estranho ver um amigo crescer e se tornar diferente de você. Mais estranho ainda é acompanhar esse processo, porque é óbvio que eles crescem de um jeito e você de outro, e cada um tem experiências de vida próprias, e talvez isso afaste todo mundo. É estranho mesmo ter de ver aquela pessoa se tornando outra, ainda mais porque você também já não é a mesma de antes.

Crescer dá um trabalho danado e chega um ponto em que não importa mais quem você era ou de quem você gostou um dia, a sua vida tá seguindo mais pra frente do que nunca e é difícil acompanhar o ritmo com as mesmas pessoas de antigamente.

Mas acontece que ontem, depois de ficar longos meses sem falar com minha velha amiga, a conversa pelo telefone deve ter durado mais do que 1 hora. Muita coisa aconteceu nesse tempo todo, e aconteceu ainda mais na vida dela.

Não é confuso perceber que, não importa quanto tempo passe ou o que aconteça, você continua amando aquela pessoa como se ela ainda fizesse parte de você mesma?

O problema é que você chega a esquecer do quanto gostava de tal pessoa, do quanto ela era importante, porque a vida acontece e traz outras pessoas e faz você simplesmente viver. É totalmente sem querer o fato de você deixar algumas para trás, não creio que seja por mal ou de propósito, simplesmente acontece.

E aconteceu comigo. Só que a gente percebe o que é eterno quando aquilo não vai embora nunca, só fica adormecido às vezes, ou a gente que o chuta para o lado, esquecendo que ele não vai a lugar nenhum sem a gente.

E ele não foi, ou melhor, ela.

É uma sensação tão boa essa de saber que, apesar de tudo e de todos, algumas coisas realmente vão durar. Algumas pessoas realmente vão estar ali para sempre e, o que é ainda melhor, o que você sente por elas não vai acabar nunquinha. Eu nunca quis que acabasse, só tinha esquecido disso!

Melhores amigos são assim. Não são aqueles que só estudam com você, pegam uma carona de vez em quando, fazem uma super festa, muito menos são aqueles das fases boas, da hora das conquistas, do champagne ainda borbulhando na boca.

Se tem algo que aprendi foi que os melhores amigos são melhores em todos os aspectos, inclusive nos ruins. São melhores até nas horas das brigas, da raiva, e de quando o champagne já desceu pela goela, deixando aquele rastro de coisa amarga na garganta. Os melhores amigos são esses que, apesar do gosto amargo ou da falta do que fazer, continuam ali, te dizendo que acreditam em você e que torcem para que tudo dê certo.

Por isso são os melhores, porque são poucos, já que o resto fica tudo na média entre o que é bom e o que não é. Os melhores ficam no topo, esperando a hora de subirem ao pódio, não sem você, jamais sem você.

Ela é uma das melhores, uma das melhores entre os melhores, por assim dizer. Sempre que eu olhar para o passado ou - por que não? - para o futuro, vou vê-la lá, com aquele jeito que tanto parece com o meu e que tanto me lembra de tudo o que fomos um dia.


E quando digo que não vivo sem meus amigos, não falo sobre a presença física de todos eles, e sim de algo mais não-palpável, como a sensação de saber que eles sabem o quanto os amo e o quanto sinto saudades.


"Mudaram eles ou mudei eu?
Ou foi a vida que mudou todos?"

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