terça-feira, 5 de maio de 2009

Quando o inverno chegar...

Do nada, o frio veio! Eu amo isso! Amo esse tempo que arrepia tudo, mas eu amo mais ainda quando ele vem sem avisar.

É como um inverno no outono. O melhor é que nós, moradores do centro-oeste brasileiro, sabemos que nunca dura muito. Não é como morar no sul, onde semanas de sucessivo frio fazem a gente implorar por um sol mais quente. Digo por experiência própria que a maioria das pessoas que amam o frio, só o amam porque raramente convivem com ele.

Por isso que, quando morei em Santa Catarina por alguns anos, era tão estranho todas aquelas pessoas esperarem desesperadamente pelo verão! Lá, o verão é verão de verdade, com todos os suores e clichês. O mesmo acontece com o inverno: frio e seco, simples assim.

O pior era acordar cedo toda manhã para ir estudar. Usar duas calças, três casacos, meia calça por baixo de uma meia mais grossa, e até arriscar, quem sabe, um cachecol ou gorro. Os lábios rachados, nariz gelado, a fome que não passa nunca. Deve ser por isso que engordei uns 10kg quando morei lá por 2 anos e meio, comer no frio é tão mais gostoso!

Enfim... enfrentei frio de -0°, e, acreditem, com um baita sorriso na cara. O dia que vi a neve, então, quase chorei como criança no Natal. Mesmo sendo uma neve bem fina, quase transparente, para mim, que jamais tinha visto nada igual, era simplesmente mágico.

Sei lá, acho que o frio representa algo que dura pouco, por isso é tão especial, porque é raro. Quando morei lá pra baixo, apesar de não ser mais raro, continou sendo especial porque me trouxe coisas que jamais veria ou viveria se estivesse calor. Daquele tempo, entre pessoas e momentos, o frio tem até hoje um grande papel em todas as lembranças, não esse frio que dura dois dias e não traz mais do que uma agradável surpresa. Era o tipo de frio que vinha para ficar, que às vezes machucava, mas ao mesmo tempo encantava e divertia.

Mas agora é outuno, e eu tô no Mato Grosso do Sul. É por isso que esse friozinho em pleno começo de maio causa espanto, e, ao mesmo tempo, me faz tão bem. É óbvio que a preguiça vem como efeito colateral, assim como a vontade de comer o tempo todo, se bem que isso eu sinto também no calor...

Dois dias de frio, e as previsões afirmam que vem mais por aí nos próximos dias. Hoje eu amo mais o frio do que amava antes, antes de viver tanta coisa boa quando ele estava presente. É como se ele me aproximasse daquelas pessoas, daqueles lugares, daquela vida que um dia eu tive e da pessoa que eu costumava ser.

É bom porque, mesmo eu estando tão longe, o frio me traz essa ilusão boba e feliz de que nem tudo ficou pra trás, e de que alguma coisa sempre está presente, mesmo que seja apenas esse mesmo arrepio que todo mundo sente.

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